Quando eu era criança, estudei piano por alguns anos (com uma professora germânica), uma senhora alta, de nariz pontiagudo e nada humorada. Até hoje recordo seu nome: “Valderez Klaus”. Mas, não enveredei para o “Universo Musical”, talvez, pelo semblante de minha professora, lembrar a “Bruxa Má do Leste, de: O Mágico de Oz”.
Anos mais tarde (já adulto), estando eu no “Reino Unido”, conheço uma mulher que acabaria por ser minha esposa. Ela sim, musicista excepcional, pianista de mãos de fada, possuidora de “ouvido absoluto”¹, capaz de saber definir até as notas musicais de um garfo de aço inoxidável, ao cair no piso de louça da cozinha, ou um bater de porta (com o vento).
Não nego, depois que minha esposa faleceu ainda tão jovem, eu tomei uma certa birra do piano, deixei ele de lado por anos. Mas, nestes dias de pandemia da “COVID-19”, nos momentos que estou em casa, o piano tem sido novamente uma boa companhia, pois, finalmente deixou de ser, somente uma “mobília gigante”, a tirar muito espaço da sala de meu apartamento.
Redescobri, ao tocar cada oitava no piano (nas teclas brancas e pretas), que existe muito mais do que “Dó” (devido as minhas perdas, das pessoas amadas)... Existem também... ♫Ré; Mi; Fá; Sol; Lá e Si e Dó Sustenido ♫ Ré Bemol; Ré Sustenido ♫ Mi Bemol; Fá Sustenido ♫ Sol Bemol; Sol Sustenido ♫ Lá Bemol e Lá Sustenido ♫ Si Bemol♫.
Hoje, nos meus dias de descanso e de “desalinho de vida” de todos nós, revivo no dedilhar nas teclas do piano, a suavidade dos toques na face de minha esposa e a delicadeza das melodias, quais ela retirava com suas belas mãos alvas (com unhas sempre pintadas no estilo “francesinha”²), deste imponente e garboso instrumento.
Mas, vamos sair da minha história de vida e entrar na história do piano (instrumento que Sr.ª Melo tanto amava).
“Sempre tive minhas mãos no piano e os sentimentos no coração!”
“Bartolomeo Cristofori” (4 de maio de 1655 - 27 de janeiro de 1731)
Espero que todos tenham apreciado mais este relato histórico (hoje relativo a música e saudade). E “segue o baile de máscaras”, da minha quarentena e da quarentena de todos que consideram este vírus, um assassino cruel e sem musicalidade alguma.
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¹ “Ouvido Absoluto” é um fenômeno auditivo (considerado raro), que se caracteriza pela habilidade de uma pessoa identificar ou recriar uma nota musical, mesmo sem ter um tom de referência. Uma pessoa com “Ouvido Absoluto”, tem a capacidade de formar uma imagem auditiva interna de qualquer tom musical, assim, pode naturalmente identificar acusticamente um tom apresentado e, mais raramente, cantar qualquer tom de memória, sem referências externas.
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² O “French Manicure - Francesinha”, é uma invenção do americano: “Jeff Pink” (1° de abril de 1954), fundador da marca de beleza icônica: “Orly International”. “Pink” criou este estilo de pintar as pontas das unhas de branco, dando uma aparência clássica, feminina e natural, para ajudar as atrizes de cinema a acelerar o tempo entre as trocas de figurinos. Este fato ocorreu em (1975), quando um diretor francês de cinema, pediu a “Jeff Pink” um esmalte neutro, pois, naquela época, a moda eram unhas sempre bem vermelhas.
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³ “Marimba”, é um instrumento originário da “África”, no (Século XVI), mas, ao ser adotado pela música ocidental, passou por reformulações, assemelhando-se ao “Piano”.
“Nocturne N°. 20” — Frédéric François Chopin”
(1° de março de 1810 - 17 de outubro de 1849)
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