“10... NOTA 10! — Tô Me Guardando Pra Quando o Carnaval Chegar!”

As pessoas quando não sabem do que estão falando, deveriam ficar caladas. E por que estou dizendo isso? Digo, porque, ♫...tô me guardando pra quando o Carnaval chegar!♫¹ 

Carnaval é festejo popular, que muita gente por aí, fica de “papo-furado”, dizendo que é coisa do “capeta”. Mas, na realidade, o Carnaval gera milhares de empregos (diretos e indiretos), possibilitando desta maneira, o sustento de muitas famílias, proporcionando a existência maciça do turismo, além de trazer lazer para esta gente simples, que espera fevereiro (ou março - como acontecerá este ano), chegar ♫...pra tudo se acabar na quarta-feira...♫¹

Tem gente por aí, que ainda tem a capacidade de dizer, que todo ano é a mesma coisa, que o Carnaval chega fazendo muito barulho em míseros dias e vai embora, voltando um ano depois, “todo animadinho”, querendo levar o povo novamente para a “folia de Momo”, este personagem da mitologia grega, que acabou por se tornar, um símbolo do Carnaval.

Mas, a essência do Carnaval é esta, um festejo tradicional e popular, uma brincadeira, que só quer tornar as pessoas mais felizes, com suas máscaras e fantasias. Porém, como em tudo na vida existem coisas erradas, no Carnaval não poderia ser diferente. Aquilo que algumas pessoas precisam saber avaliar, é o que está certo ou errado no Carnaval, assim, como em qualquer outra ocasião, de um modo geral.

   

Para mim, o Carnaval é sintoma de muita alegria. o Carnaval é bem mais que um simples folguedo. O Carnaval é algo além de criar fantasias, alegorias e adereços, ou construir carros alegóricos gigantescos. O Carnaval é algo além das batucadas em tamborins, caixas de guerra, surdos de marcação, repiques, pandeiros e agogôs... Algo que transcende o roncar sofrido das cuícas, o raspar ligeiros dos reco-recos, ou do “chiar” dos chocalhos. 

 

Alguns acham que o Carnaval é a coisa mais linda do Mundo, outros entendem que é exagero puro. No meu conceito e no de “Paulo César Batista de Faria - Paulinho da Viola” (12 de novembro de 1942), que em (1970 - ano que nasci), compôs, cantou e encantou em um de seus lindos sambas, afirmando que a nossa querida Portela: ♫...foi um rio que passou em minha vida, e o meu coração se deixou levar...♫ - e o meu coração se deixa levar até hoje com a “Portela na Avenida”².

O certo é que o Carnaval de “Momo - rei gorducho”, sem nobreza, que impera por alguns dias de folia, um Rei que nada reina, um imperador sem súditos e sim, com foliões, um monarca da folia, que não anda e sim, desfila, um “rei que não está nu”, mas, as passistas ao seu lado sim... SORTUDO ESSE REI!!! 

O Carnaval é a festa dos relacionamentos pouco duradouros; o Carnaval é tempo das fotos de mulheres sensuais (que estão o ano todo postadas em “Redes Sociais” e ninguém fala nada contra), mas, que no Carnaval, se torna apelação. Faça-me rir... Só não faça xixi nas ruas no Carnaval, pois, isso sim, é “nojentamente explicito”. 

O Carnaval é a festa dos que não tem vergonha na cara, dos que tem ou não tem dinheiro no bolso, é festejo de todos... É do “Bafo da Onça”... Do “Cacique de Ramos”... É do “Cordão da Bola Preta”... Da “Banda de Ipanema”... É do “Galo da Madrugada”... Dos gigantes e tradicionais “Bonecos de Olinda”... É da “Pipoca” que “estoura” atrás dos trios elétricos (sem a necessidade de ter de comprar os caros abadás), no último dia de festejo, na orla de “Salvador, no Circuito Barra/Ondina”.

Além do mais, não tem como negar, a maioria das pessoas adoram o Carnaval. Mas, os “crentes”, estes estão cansados dos seus excessos e desta existência improdutiva dos confetes e serpentinas. Mas, existem muitos “carolas” por aí, “dando os seus pulinhos”, dentro e fora do Carnaval... Aí meus amigos e minhas amigas do ®DOUG BLOG, “Só Jesus na Causa!” - OREMOS!!!

Eu concordo que os desfiles das “Escolas de Samba”, já não possuem o mesmo “glamour” dos Carnavais de outrora, hoje é tudo cronometrado, para que no fim, as agremiações sejam avaliadas por jurados (que muitas vezes), nada entendem de samba e de Carnaval.

Especialistas alegam, que o Carnaval serve para camuflar alguma profunda tristeza que o povo guarda o ano inteiro e nesta época, tenta extravasar tudo de uma vez com o samba nos pés. Seria tentar rir e sambar para não chorar. Porém, como os especialistas estão enganados, pois, o Carnaval não se permite a ter falsas euforias. O Carnaval é o momento do deboche, dos deslumbramentos excessivos (diante das coisas sérias da vida), é o esquivar-se dos nós das gravatas, é o se exibir nos camarotes das companhias cervejeiras (onde os “vips”, podem suar suas camisetas estilizadas). O Carnaval é a festa onde os meninos podem usar rosa e as meninas podem usar azul, que ninguém terá nada a ver com isso. É o festejo de cabeças raspadas e dos cabelos “black power”. 

O Carnaval é sinônimo de purpurina no corpo suado das mulatas, das bundas desnudas das passistas e das rainhas de bateria, com suas barrigas saradas pra dentro e “peitos siliconados” pra fora. O Carnaval de certa forma, torna a vida linda de viver. 

A harmonia de uma “Escola de Samba”, vem da evolução das alegorias, das bonitas fantasias, do girar das saias rodadas das baianas, dos “puxadores de samba” e seus gritos de guerra, do tom e paradinhas das baterias (que inflamam as arquibancadas dos “sambódromos”), do mestre sala, que conduz a porta-bandeira orgulhosa de portar o estandarte maior de sua agremiação, com evoluções muito parecidas, aos atos encenados no balé clássico. E no fim, surge na passarela, a “velha guarda”, para fechar o desfile que o abre-alas e a comissão de frente iniciou, torcendo para que a “Escola” que passou, não tenha atravessado o samba na avenida, pois, assim, na “quarta-feira de cinzas”, tudo acabará com certeza, no: “10... NOTA 10!”   

°°°

* “Portela” 22 vezes campeã do Carnaval do “Rio de Janeiro”: ☆ 1935 ☆ 1939 ☆ 1941 ☆ 1942 ☆ 1943 ☆ 1944 ☆ 1945 ☆ 1946 ☆ 1947 ☆ 1951 ☆ 1953 ☆ 1957 ☆ 1958 ☆ 1959 ☆ 1960 ☆ 1962 ☆ 1964 ☆ 1966 ☆ 1970 ☆ 1980 ☆ 1984 ☆ 2017.

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¹ Trecho das músicas: “Quando o Carnaval Chegar” (1972) - Compositor: “Francisco Buarque de Hollanda - Chico Buarque” (19 de junho de 1944) e “Pra Tudo Se Acabar na Quarta-Feira - Samba Enredo da Vila Isabel”  (1984) - Compositor: “Martinho José Ferreira - Martinho da Vila” (12 de fevereiro de 1938).

“Portela na Avenida” (1981)

♫Portela

Eu nunca vi coisa mais bela

Quando ela pisa a passarela

E vai entrando na avenida

Parece

A maravilha de aquarela que surgiu

O manto azul da padroeira do Brasil

Nossa Senhora Aparecida

Que vai se arrastando

E o povo na rua cantando

É feito uma reza, um ritual

É a procissão do samba, abençoando

A festa do divino carnaval

Portela

É a deusa do samba, o passado revela

E tem a velha guarda como sentinela

E é por isso que eu ouço essa voz que me chama

Portela

Sobre a tua bandeira, esse divino manto

Tua águia altaneira é o espírito santo

No templo do samba

As pastoras e os pastores

Vêm chegando da cidade, da favela

Para defender as tuas cores

Como fiéis na santa missa da capela

Salve o samba, salve a santa, salve ela

Salve o manto azul e branco da Portela

Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval

Portela

Eu nunca vi coisa mais bela

Quando ela pisa a passarela

E vai entrando na avenida

Parece

A maravilha de aquarela que surgiu

O manto azul da padroeira do Brasil

Nossa Senhora Aparecida

Que vai se arrastando

E o povo na rua cantando

É feito uma reza, um ritual

É a procissão do samba abençoando

A festa do divino carnaval

Portela

É a deusa do samba, o passado revela

E tem a velha guarda como sentinela

E é por isso que eu ouço essa voz que me chama

Portela

Sobre a tua bandeira, esse divino manto

Tua águia altaneira é o espírito santo

No templo do samba

As pastoras e os pastores

Vêm chegando da cidade, da favela

Para defender as tuas cores

Como fiéis na santa missa da capela

Salve o samba, salve a santa, salve ela

Salve o manto azul e branco da Portela

Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval

Salve o samba, salve a santa, salve ela

Salve o manto azul e branco da Portela

Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval.♫

°°°

² “Portela na Avenida” (1981), compositores: “Mauro Duarte de Oliveira” (2 de junho de 1930 - 26 de agosto de 1989) e “Paulo Cesar Francisco Pinheiro” (28 de abril de 1949), marido de: “Clara Francisca Gonçalves Pinheiro - Clara Nunes” (12 de agosto de 1942 - 2 de abril de 1983), interprete deste samba. 

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