Meus amigos e amigas do ®DOUG BLOG, entre gregos e romanos, qual mitologia você mais gosta? Isso é uma questão de escolha, certo? Agora, quando você lê na sua certidão de nascimento ou documento de identidade (RG): local de nascimento e/ou naturalidade, você gosta da cidade onde nasceu? Sim, porque, nascer em uma família não é uma escolha, então, imagine escolher onde você gostaria de nascer?
Eu sou cético em relação ao destino e também à sorte e ao azar. Também não aceito a ideia da existência de uma sina gravada em tábuas sagradas de leis, que humanamente não podemos seguir. Dito isso, sou forçado a reconhecer que existem circunstâncias que nos são efetivamente impostas e que só podemos mudar com grande dificuldade e sofrimento, mas que são recompensadas pelas amizades que conquistamos e pelo amor.
Nascer em um lugar geográfico que não escolhemos e que só podemos deixar na idade adulta, se assim desejarmos, é também uma escolha futura. Agora, ter parentesco com alguém, como eu disse, não é algo que podemos escolher. Famílias podem apresentar desafios, as relações familiares, por serem intrínsecas e profundas, podem gerar conflitos de opinião, divergências de valores e até mesmo brigas. A comunicação inadequada e a falta de compreensão podem exacerbar estes problemas, criando um ambiente de tensão e desequilíbrio até nas reuniões festivas.
Sou neto e filho de pais “das Minas Gerais”, que, devido à migração do meu pai com a família, se mudaram para o “Rio de Janeiro”, cidade onde nasci, fui batizado, crismado, cresci, estudei, me formei e onde vivo até hoje. Como diz um dos meus aforismos:
“Rio de Janeiro... Meu lugar no Mundo!”
No entanto, quando me casei, conheci uma linda britânica e, por opção, casei-me na “Inglaterra” e não me importaria de envelhecer em “Paris”. Agora, não há nada que me obrigue a gostar de alguns parentes.
Já trabalhei em vários países e o “Japão” é, sem dúvida, uma nação linda, mas, eu não gostaria de ter nascido japonês, embora aprecie muito os orientais, sou feliz por ser brasileiro, apesar de, como diz o “poetinha Vinicius”: “Pátria minha. Teu nome é pátria amada, é patriazinha. Não rima com mãe gentil”.
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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
* Arte ®DOUG BLOG baseada em “Bacco e Arianna”, mitologia romana — “Dionísio e Ariadne”, mitologia grega.
[TEXTO DA ARTE]
💬 Mas que pobreza, meu Deus!
💬 Magoei!
“Pátria Minha” - “Odilon Esteves”
(8 de novembro de 1978)
“A minha pátria é como se não fosse, é íntima
doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
é minha pátria. Por isso, no exílio
assistindo dormir meu filho
choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
não sei. De fato, não sei?
Como, por que e quando a minha pátria...
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
que elaboram e liquefazem a minha mágoa
em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
de niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) Tão feias
de minha pátria, de minha pátria sem sapatos
e sem meias Pátria Minha...
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, Pátria Minha? Eu que não tenho
pátria, eu semente que nasci do vento
eu que não vou e não venho, eu que permaneço
em contato com a dor do tempo, eu elemento
de ligação entre a ação o pensamento
eu fio invisível no espaço de todo adeus...
Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
de flor; tenho-te como um amor morrido
a quem se jurou; tenho-te como uma fé
sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
nesta sala estrangeira com lareira
e sem pé-direito.
Ah, Pátria Minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
quando tudo passou a ser infinito e nada terra
e eu vi Alfa e Beta de Centauro escalarem o monte até o Céu
muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
à espera de ver surgir a Cruz do Sul
que eu sabia, mas amanheceu...
Fonte de mel, bicho triste, Pátria Minha
amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
o não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!
Quero rever-te, Pátria Minha, e para
rever-te me esqueci de tudo
fui cego, estropiado, surdo, mudo
vi minha humilde morte cara a cara
rasguei poemas, mulheres, horizontes
fiquei simples, sem fontes.
Pátria Minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
lábaro não; a minha pátria é desolação
de caminhos, a minha pátria é terra sedenta
e praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
que bebe nuvem, come terra
e urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
uma quentura, um querer bem, um bem
um libertas quae sera tamem...
Que um dia traduzi num exame escrito:
(Liberta que serás também)
E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria Minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
entre teus doces montes, Pátria Minha
atento à fome em tuas entranhas
e ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, Pátria Minha
teu nome é pátria amada, é patriazinha
não rima com mãe gentil
vives em mim como uma filha, que és
uma ilha de ternura: a Ilha Brasil,
talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
e pedirei que peça ao rouxinol do dia
que peça ao sabiá
para levar-te presto este avigrama:
(Pátria Minha, saudades de quem te ama)...
Vinicius de Moraes”.
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* O poema “Pátria Minha”, do poeta e embaixador brasileiro “Marcus Vinicius de Moraes” (19 de outubro de 1913 - 9 de julho de 1980), foi publicado em (1949), como um livro independente, em uma edição limitada de 50 exemplares. Esta publicação foi feita pelo também poeta e diplomata brasileiro “João Cabral de Melo Neto” (9 de janeiro de 1920 - 9 de outubro de 1999), quando ambos se encontravam exilados em “Barcelona - Espanha” e “João Cabral”, em sua prensa particular, acabou dando origem a uma das obras mais famosas do “poetinha”.