“Buraco de Agulha”

Todos nós já vimos ilustrações ou esculturas dos “Três Macacos Sábios” da cultura asiática - (em japonês: 三猿, [sanzaru/san'en] ou 三匹の猿, [sanbiki no saru]), que nas artes ®DOUG BLOG, trago a “Mafalda”¹, uma das personagens do universo das “HQs” que eu mais gosto.

Estes três macacos são criações dos monges budistas tibetanos (com suas cabeças raspadas e os seus mantos açafrão). Os macaquinhos representam uma forma evidente de lembrar que, se as pessoas não olhassem, não ouvissem e não falassem o mal alheio, teríamos comunidades pacíficas com paz e sabedoria. Assim, criaram esta alegoria, devido a invasão chinesa ao “Tibete” em (1950). Esta intervenção militar chinesa, ficou conhecida como: “Batalha de Chamdo” (em chinês: 昌都战役) e durou 9 longos anos, perdurando até os dias atuais. Em (1959), quando os chineses do regime comunista conquistaram o território tibetano, desde então, o “14º Dalai-Lama: Lhamo Thondup” (6 de julho de 1935), vive no exílio, na “Índia”, na localidade de “Dharamsala”, onde reside em uma pequena cabana e de onde exerce o seu governo.

   

A frase dita por: “Lhamo Thondup - nome religioso: Tenzin Gyatso ou Gyalwa Rinpoche”, que muitos atribuem erroneamente (e, sabe-se lá por quê?), ao sanitarista brasileiro, “Oswaldo Gonçalves Cruz” (5 de agosto de 1872 - 11 de fevereiro de 1917), nos revela que ser sensato é o melhor caminho para o acerto: “Pelo erro dos outros o homem sensato corrige os seus erros!”

   

Mas, será que as coisas acontecem assim mesmo? Será que nós utilizamos com primazia o nosso livre-arbítrio? Quando fazemos uma oração e ela não surte o efeito desejado, será que é por existir uma “Caixa de Spam Celestial”, onde caem as orações não muito bem feitas? Somos pessoas de fé “até a página dois”, pois, o que sabemos da fé, é que pouca coisa sabemos.  

   

Até o “Rei Salomão” (991 a.C. - 932 a.C.), teve de tirar as sandálias dos pés para pisar à “Terra Sagrada”, porém, os seus descendentes até hoje não entenderam o que este ato representou, pois, continuam em combate, nas guerras fundamentalistas, denominadas de “Guerras Santas”.

   

Descalços ou não, todos podemos pisar na mesma terra, que só se tornará “Santa”, dependendo das nossas atitudes com relação a nós mesmos, em relação com os nossos semelhantes, mas, principalmente, em relação a nossa fé, pois, para os que creem em Deus ou Buda, só existe um caminho a ser seguido, o caminho do amor, e quem ama não faz guerra. 

    As pessoas não entendem lá muito bem as coisas relativas à fé e isso, acontece assim faz tempo, pois, quando “Jesus” disse em frente às portas de entrada da cidade de “Jerusalém”: “Mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!”

O que as pessoas entendem nesta frase, é que é impossível um rico subir ao Céu, pois, é impossível um camelo passar por um minúsculo buraco de agulha de costura. O problema é que o buraco de agulha que “Jesus” se referiu, é o vão estreito da entrada da cidade de “Jerusalém”, que para os camelos (de propriedade dos mais abastados), passar, sempre era algo difícil, pois, como os animais vinham sempre com muitas especiarias, e mercadorias adquiridas fora dos domínios de “Jerusalém”, eles tinham que se agachar para conseguir transpor os portais de entrada da cidade.

    

Mas, o quê esta parábola de “Jesus” quer nos ensinar? Ensina, que até mesmo os ricos (e quando menciono ricos, significa dizer também as pessoas que só vivem voltadas para os bens materias), podem modificar seus parâmetros e assim, passar pelo “buraco de agulha”, conseguindo ganhar o “Reino de Deus” (que nada tem a ver com a “Igreja Universal do, Edir Macedo” (18 de fevereiro de 1945), que por ironia, colocou o nome da sua maior igreja na capital paulista, de “Templo de Salomão”, o que tenho certeza, esta homenagem, em nada agradaria ao filho do “Rei David e da Rainha Bate-Seba”, se aqui estivessem para ver. 

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¹ “Mafalda” foi uma tira em quadrinhos, escrita e desenhada pelo cartunista argentino “Quino” (17 de julho de 1932 - * 30 de setembro de 2020). As tirinhas, apresentam uma menina sempre preocupada com a humanidade e a paz mundial. Ela se rebela com o estado atual do Mundo, seja em casa, na escola ou entre amigos. As histórias circularam de maneira inédita de: (1964 até 1973) e hoje ainda circulam e estão coletadas e editadas em livros. “Mafalda” tem uma altíssima popularidade na América Latina e Europa. E aqui na arte ®DOUG BLOG, aparece representando os “Três Macacos Sábios”:  “Iwazaru” (Não vejo o mal); “Mizaru” (Não ouço o mal) e “Kikazaru” (Não falo o mal). * “Quino” faleceu um ano após esta publicação.

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