Dois mil anos após a sua morte, uma nova biografia sobre a “Rainha egípcia - Cleópatra VII Filopátor” [em grego: Κλεοπᾰ́τρᾱ Φιλοπάτωρ] (12 agosto de 69 a.C. - 10 agosto de 30 a.C.), desmente três das mais conhecidas narrativas a seu respeito: 1) Ela jamais surgiu diante do imperador romano “Júlio César” (13 de julho de 100 a.C. - 15 de março de 44 a.C.), desenrolando-se de um belíssimo tapete oriental, ficando completamente nua, de frente ao trono do imperador; 2) “Cleópatra” não se matou com uma picada da cobra Naja¹ (imagem imortalizada em pinturas, filmes e livros); 3) A “Rainha do Egito” jamais tomou banho em leite (seja de vaca ou cabra).
Na realidade “Cleópatra” morreu após tomar um coquetel mortal de Cicuta², aos 39 anos de idade, seguindo o exemplo do líder romano “Marco Antônio” (14 de janeiro de 83 a.C. - 1° de agosto de 30 a.C.), um de seus amantes, que se matou, depois de perder a “Batalha de Áccio”.
Sobre os banhos da “Rainha egípcia”, relatos dão conta, que nem os com água e sabão, “Cleópatra” era lá muito adepta.
Outra inverdade sobre “Cleópatra”, era que sua beleza, foi um de seus mais importantes atributos, fato que se tornou um axioma, devido principalmente a atriz “Elizabeth Rosemond Taylorr” (27 de fevereiro de 1932 - 23 de março de 2011)¹, que ao interpretar “Cleópatra” no cinema, em (1963), emprestou sua jovial beleza a “Rainha egípcia”. E também, é devido aos escritos do filósofo francês “Blaise Pascal” (19 de junho de 1623 - 19 de agosto de 1662), que era um devotado admirador de “Cleópatra”, chegando a afirmar certa vez, que: “O belo formato do nariz de ‘Cleópatra’, mudara para sempre a história do Mundo”.
Opinião, porém, que foi contestada, quando foi cunhada (em ouro), uma moeda comemorativa, com o perfil de “Cleópatra”, onde o seu septo nasal, se assemelha ao caricato perfil das bruxas más (dos contos de fadas), tudo baseado na múmia da “Rainha egípcia”, em seu sarcófago na tumba do “Egito”, que hoje encontra-se no “British Museum - Museu Britânico de Arqueologia - em Londres”). Além do mais, fatos históricos nunca fizeram menção especial a uma possível beleza física da “Rainha do Egito” (fora de “Hollywood”).
Para a autora da biografia de: “Cleópatra VII Filopátor - Cleópatra: Last Queen of Egypt”, a arqueóloga britânica: “Joyce Ann Tildesley” (25 de fevereiro de 1960), especializada na cultura egípcia, a história que conhecemos hoje sobre a “Rainha do Egito”, nos foi contada pelos seus detratores, já que após a sua morte, o “Imperador romano - Augustus” (23 de setembro de 63 a.C. - 19 de agosto de 14 d.C.), mandou destruir tudo o que dissesse respeito de bom sobre ela, ajudando a pintar para a posteridade, o retrato de uma mulher leviana, imoral e que usou a sedução para levar à ruína os imperadores “Marco Antônio e Júlio César”.
A obra de “Joyce”, vai na contramão da história, pois, afirma que alguns registros sugerem que “Cleópatra” poderia ser até uma mulher negra, porque, a sua ascendência materna seria proveniente do “Norte da África” e a paterna, da “Macedônia”. O certo, é que “Cleópatra” foi realmente uma mulher muito rica e independente (moderna demais para os padrões egípcios/romanos da sua época). Filha do “Imperador - Ptolemeu XI ou Alexandre II” [em grego: Πτολεμαίος Σωτήρ](105 a.C. - 80 a.C.), ela cresceu na sociedade egípcia dos (séculos V e IV - a.C.), que era menos radical que a romana.
Segundo o historiador grego “Herodotus” (484 a.C. - 425 a.C.), as mulheres da época de “Cleópatra”, não tinham independência política e social e, foi neste meio, que se forjou a personalidade exuberante e determinada da “Rainha egípcia”. “Cleópatra” foi a última “Rainha da Dinastia Ptolomaica” (ou Ptolemaica), que dominou o “Egito”, antes da “Grécia” ter invadido as terras egípcias. “Cleópatra” subiu ao trono egípcio entre 17 e 18 anos de idade, após a morte do pai, assumindo o comando do reino, até o dia de seu suicídio
“Cleópatra” pode ser considerada a precursora da mulher moderna, que ainda hoje, no vigésimo ano do século XXI, estão tentando fazer valer os seus direitos, diante de uma sociedade masculinizada, no que tange suas vozes de comando.
Diante de tantas dúvidas existes, um fato de autenticidade é inquestionável sobra a vida de “Cleópatra”, sua intelectualidade. Ela falava diversos idiomas, tinha inteligência acima da média e era adorada por seus súditos. Sempre teve autonomia para estudar, viajar e escolher os próprios parceiros (maridos/amantes) e até promover o que hoje denominamos de: divórcio (prerrogativas que não existiam nas sociedades egípcia/romana na época).
No livro de “Joyce Tildesley”, a arqueóloga descreve “Cleópatra”, sendo uma mulher movida pela razão e não pela emoção: “Ela tem de ser compreendida como a rainha que era, pragmática e determinada, e não como uma consorte dos romanos”.
Mas, na realidade, “Cleópatra” era mais um título de nobreza do que um nome próprio, pois, existiram 7 rainhas no total com este epíteto. A mais conhecida foi “Cleópatra VII Filopátor”, a primeira rainha grega a falar egípcio, a adotar certas crenças faraônicas e a querer devolver o “Egito” ao seu antigo esplendor. Imperou (de 51 a.C. a 30 a.C.), após a morte de seu pai “Ptolomeu XII” (117 a.C. - 51 a.C.), que governou o “Egito” (de 80 a.C. a 58 a.C.) e depois (de 55 a.C. a 51 a.C.), popularmente conhecida como: “Auleta” (“tocador de aulo”³).
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¹ Naja, é um gênero de serpentes peçonhentas da espécie “Elapidae”. Seu habitat natural encontra-se na “África e Sul e Sudoeste da Ásia”.
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² Cicuta, é um gênero das “Plantas Apiáceas”, com quatro espécies muito venenosas. Assim, o seu uso serve de veneno para as pontas das flechas indígenas, tendo ficado conhecido também, como o veneno que condenou à morte o filósofo grego “Sócrates” (469 a.C. ou 470 a.C. - 399 a.C.), que foi forçado a tomar um chá de Cicuta como penalidade derradeira.
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³ Aulus (em grego: αυλός) ou Tíbia (em latim: tibia), era um instrumento musical de sopro da Grécia antiga. Diferentes instrumentos eram chamados de aulo, inclusive um que consistia em um tubo simples, tocado como as modernas flautas.