Meus amigos e amigas do ®DOUG BLOG, “Dom Casmurro”¹ é certamente um dos melhores livros que já li. Um livro de “alma antiga”, mas, com uma narrativa contemporânea.
“Machado de Assis” criou uma trama enigmática, sem respostas concretas. A protagonista do romance, “Capitu”, é vizinha e grande amor de “José Bento” (“Bentinho”), narrador da história. Ela se casa com ele e fica dentro de um triângulo amoroso com o amigo do marido: “Escobar”, que acaba morrendo na trama. Teria “Escobar” sido assassinada por “Bentinho” de forma passional, sendo afogado pelo amigo? Nada fica claro.
Existem alguns argumentos para defender a tese de que “Capitu” traiu “Bentinho”, são elas: “Ezequiel” (filho do casal), na realidade era filho de “Escobar” e duas possíveis explicações psicanalíticas dão conta que “Bentinho” era homossexual e queria trair “Capitu” com “Escobar”, projetando estes desejos sexuais em “Capitu”; outra possibilidade é que “Bentinho” tivesse um transtorno delirante do tipo ciumento passional, com a firme convicção de que “Capitu” era infiel.
Este romance, pode-se dizer, que pende mais ao ciúme do que ao adultério, por que, a questão central é e ao mesmo tempo, não é uma possível traição, pois, não sabemos, e nunca saberemos, se “Capitu” foi infiel, nesta trama social familiar, pois, o autor faz questão de deixar este hiato na narrativa até o final.
O imaginário nos leva a uma “Capitu” cheia de “sex appeal”, uma ninfomaníaca insaciável. Mas, na realidade “Capitu” era uma “alpinista social”, não amava ninguém e isso nos ajuda a entender que esta suposta infidelidade ocorreu, porque, ela se aproximou de “Bentinho” e “Escobar” por interesses inerentes ao amor e muito mais à vida social e ao sexo.
Acredito que “Dom Casmurro” é uma obra que lê o leitor, partindo da voz de um homem velho que escreve um livro para contar sua história de vida e, desta forma, tenta resgatar, de alguma maneira, o passado perdido, narrado em primeira pessoa, “José Bento, Bentinho”, apelidado, na velhice, de “Dom Casmurro”, por viver uma vida reclusa e solitária.
A possibilidade de adultério em “Dom Casmurro”, é um tema polêmico e não consensual: “Bentinho”, o protagonista, desenvolve suspeitas sobre a fidelidade da esposa, principalmente em relação ao amigo “Escobar”, mas, não é possível provar que “Capitu” foi infiel. No entanto, se olharmos para “Escobar”, um excelente nadador, e sua morte por afogamento, tudo fica muito suspeito, sendo este fato uma quase confissão dele ser amante de “Capitu”, já que ambos eram casados. Há também o pequeno “Ezequiel”, que tem as feições de “Escobar”. “Bentinho” acredita que seu filho, “Ezequiel”, é fruto da traição de “Capitu” e que o rapaz não se parece com ele e até seu nome começa com a letra “E”, o que na mente perturbada de “Bentinho”, seria uma forma da esposa homenagear seu amante. No entanto, as circunstâncias apresentadas no romance não são capazes de confirmar se “Capitu” traiu “Bentinho”, já que a história é contada pelo próprio “Bentinho” e ele nunca disse isso explicitamente.
Além de outros fatos e personagens, “Dom Casmurro” conta a história da relação mãe-filho, entre “Bentinho” e “Dona Glória” (viúva de “Pedro de Albuquerque Santiago”, falecido pai de “Bento”). “Dona Glória” sofria de bronquite crônica e quase morreu após uma forte febre, com “Bentinho” estando longe da mãe, enquanto estava no seminário. E foi no seminário que “Bentinho” conheceu seu melhor amigo: “Escobar”, quando estudaram juntos. “Dona Sancha”, assim como “Dona Glória”, mãe de “Bentinho”, também era uma mulher muito religiosa e era esposa de “Escobar”, sendo ex-colega de escola de “Capitu” e desconfiava do caso do marido com a amiga do passado.
No final da trama, de “Machado de Assis”, “Capitu” morre na “Suíça” após se separar de “Bentinho” e nessa viagem, leva seu filho “Ezequiel” junto de uma tutora. O destino de “Ezequiel” já adulto, também é infeliz: ele morre de febre tifoide durante uma pesquisa arqueológica na capital de “Israel, Jerusalém”.
Triste e nostálgico, o narrador “José Bento, Bentinho”, constrói lembranças de sua casa de infância, na “Rua de Matacavalos”², pois, foi só isso que lhe restou.
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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
* “Calvin” (1985), personagem do cartunista americano: “Bill Watterson” (5 de julho de 1958). * Arte inicial animada da Postagem ®DOUG BLOG.
¹“Dom Casmurro” é um romance de “Joaquim Maria Machado de Assis” (21 de junho de 1839 - 29 de setembro de 1908), escrito em (1899), com sua 1ª edição publicada em (1890), pela “Livraria Garnier”.
² A “Rua de Mata-cavalos” realmente existiu e foi nomeada oficialmente em (1848). Em (1865), esta rua foi renomeada pela “Câmara Municipal do Rio de Janeiro”, que propôs e aprovou o nome de “Rua Riachuelo”, em homenagem à “Batalha Naval do Rio Paraná”, que ocorreu no mesmo ano. O nome “Mata-cavalos” se devia à lama que dificultava a travessia dos animais e os cansava. Às vezes, os cavalos caíam, quebravam uma das patas e tinham que ser sacrificados. A “Rua Riachuelo” fica no centro do “Rio de Janeiro” e vai da atual “Rua Frei Caneca” até os “Arcos da Lapa” e “Machado de Assis” morou lá. Esta rua é um local com vários pontos de interesse histórico, como a “Casa do General Osório” (10 de maio de 1808 - 4 de outubro de 1879), o “Chafariz Imperial” (1817), a “Capela do Menino Deus” e o “Clube dos Democráticos” (1867).
Hello friend! Unfortunately, I haven't read this novel. I know the author's name, I know that he was also a poet. I will check if the book you are writing about has been translated into my language. Best regards! All the best. ♥️
ResponderExcluirHello, my friend Joanna,
ExcluirI hope you read this novel by "Machado de Assis", because it is an excellent narrative.
Today, with technological resources, we can read books that are translated instantly via the Web.
Have a great weekend!
Kisses!!!
I loved reading your introduction to 'Dom Casmurro'. I don't know the book, but I know the author, and I'm going to look for this novel to read. The drawings are magnificent, as always!
ResponderExcluir(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.
💋Kisses💋
Dear friend Theodosia,
ExcluirI'm glad you enjoyed reading this literary post from ®DOUG BLOG.
Thank you for always noticing the drawings, which add a nice touch to make reading easier.
Kisses and have a great weekend!!!
Mi querido amigo Doug,
ResponderExcluirTe felicito por el maravilloso análisis que haces de Dom Casmurro.
Machado de Assis es genial, genialidad que se refleja en esta sensacional obra considerada una obra maestra del realismo.
Gracias por tan estupendo post.
Un gran abrazo.
Mi querida amiga Carmen,
Excluir“Dom Casmurro” es uno de los grandes clásicos de la literatura mundial, y Machado de Assis es verdaderamente un genio que escribió obras con una visión elaborada de las narrativas de vida de todos nosotros.
Me alegra que hayas disfrutado leyendo esta publicación literaria de ®DOUG BLOG.
Un fuerte abrazo.
Querido Douglas, no leí esa novela, voy a buscarla aunque casi no tengo tiempo para la lectura.
ResponderExcluirMe encantaron los dibujitos
♥ Querido Douglas ♥
Que hoy tengas un día maravilloso.
Que la luz te acompañe siempre.
Despertar es dejar de dormir, no dejar de soñar.
♥¡Feliz fin de semana!♥
♥Abrazos y te dejo besitos♥
♥♥♥♥♥♥GRACIAS♥♥♥♥♥♥
Querida amiga Liz,
ExcluirTiempo... Necesitamos encontrarlo principalmente para descansar la mente y la literatura es un buen momento para descansar.
Vives en mi corazón, mi querida Liz.
Besos y que tengáis un buen fin de semana!!!
Me hiciste pensar y sonreír. te mando un beso.
ResponderExcluirJudit,
ExcluirLa literatura es verdaderamente reflexiva y alegre.
Besos y que tengáis un buen fin de semana.
Unfortunately I have not read this novel and the author is also unknown to me. I also write reviews of the books I have read in my second blog.
ResponderExcluirMy friend Irina,
ExcluirEurope is closing itself off to literature from the "Americas". There is a lot of talk about a world of artificial intelligence (A.I.), when what we need most is human intelligence. And Machado de Assis was one of those powerful intelligences that is passed down from generation to generation.
A hug and best wishes to you and your cats!!!
Já fiz várias leituras desse livro. E gosto do jeito que Machado de Assis nos permite visualizar cada cenário,nos prendendo nas suas tramas. E cada releitura uma conclusão.
ResponderExcluirDentro de uma abordagem mais psicológica,posso dizer que Bentinho era uma pessoa que reprimia sentimentos e desejos. Daí ficou fácil acusar indiretamente a esposa de o trair. Não cito um ponto específico agora por não lembrar.
Estou de acordo sobre o livro discorrer mais sobre o ciúmes do protagonista do que assumir que fato houve traição.
Talvez fato dele ter passado a vida inteira ouvindo que era a cara do pai,fez dele um homem inseguro. Pois nem todo filho é a cara do pai,mesmo quando é filho único.
Tenha um excelente fim de semana.
Xeru
Minha querida amiga Valdelice,
Excluir"Dom Casmurro" é um livro poderoso. Primeiro, pela narrativa do protagonista sobre as angústias que estão dentro dele.
"Machado de Assis" soube criar personagens multifacetados que permitem ao leitor tirar múltiplas conclusões sobre eles.
"Bentinho" é uma pessoa amargurada por seus medos: medo do ciúme da esposa, medo da traição no casamento e medo de perder a amizade do amigo de infância.
Este é um livro que prende a atenção do leitor até o final.
Tenha um ótimo final de semana.
BatBeijos!!! ᕙ〴⋋_⋌〵ᕗ
Meu sapiente amigo Douglas, você apresentou muito bem sua análise de 'Dom Casmurro'. Eu até acho que Bentinho era o alter ego de Machado de Assis, mas isso é só um palpite. Gostaria de saber se você concorda? Seus desenhos estão supimpas como sempre. Parabéns por mais uma valiosa publicação de conteúdo cultural sensacional. Um abraço fraterno.
ResponderExcluirMeu nobre amigo e professor Ruy Barbosa,
ExcluirQuanto à análise de "Dom Casmurro", muito mais poderia ser escrito aqui, mas, nada melhor do que incentivar meus amigos, leitores e seguidores do ®DOUG BLOG, a ler este romance
Sobre o "alter ego" de "Machado de Assis", seu palpite é muito justificável e deve ser levado em consideração.
Obrigado por mais um comentário tão gentil.
Um abraço fraterno e boa semana!!!
Meu querido Douglas, um post especial e muito memorável sobre um dos maiores clássicos da literatura. A dica de leitura é principalmente para quem não conhece esse romance. Por favor, leiam.
ResponderExcluirUm beijo de luz!
Minha querida amiga Marrom,
ExcluirA leitura nos inspira a viajar sem precisar de passagem ou passaporte; a sonhar sem dormir e a ser autor e personagem.
Obrigado pelo comentário que incentiva todos a ler.
Cultura sempre!
Um beijo e boa semana!!!
Un tema este de los tríos amorosos que la literatura ha usado desde tiempos lejanos. En esta novela por lo que nos comentas hay amor y tragedia a partes iguales.
ResponderExcluirSaludos.
Éste es un romance de tiempos antiguos, Tomás. Fue escrito en (1899), con su primera edición publicada en (1890).
ExcluirAbrazos.
Registo a sugestão.
ResponderExcluirAbraço, boa semana
Caro Pedro,
ExcluirEspero que o amigo, se ainda não leu, leia e se já leu, releia, este romance do brilhante "Machado de Assis".
Um abraço e boa semana!!!
Li há já um tempo o livro" Dom Casmurro de Machado de Assis. Uma maravilha. E como esquecer Capitu? Vou reler o livro.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Minha querida amiga Graça,
ExcluirUm livro pode ser relido várias vezes e sempre encontraremos brechas para reconhecer a narrativa de diferentes maneiras.
Boa semana!
Beijos!!!
Drogi przyjacielu Douglas, Bardzo zaciekawiła mnie Twoja opowieść.
ResponderExcluirJak zawsze wspaniały tekst.
Pięknego tygodnia.
Minha querida amiga Isabel,
Excluir"Dom Casmurro" de "Machado de Assis", é uma excelente leitura. Procure esse livro na web (em formato PDF) e leia, você vai gostar.
Obrigada pelas suas palavras gentis.
Tenha uma boa semana.
Beijos!!!
EU LI MUITAS LITERATURAS NA ÉPOCA ESCOLAR.
ResponderExcluir*Dom Casmurro*, um universo de silêncio e olhares furtivos, onde a dúvida dança entre as palavras e o amor se veste de desconfiança. Na trama de Machado de Assis, o coração bate num compasso de incertezas, e os sentimentos se entrelaçam com o peso da memória. Bentinho, imerso em seu casmurro, vê o mundo através de uma janela embaçada pela obsessão, onde a doce Capitu, com seus olhos de ressaca, mantém o mistério como a chave de uma história que nunca se revela por completo.
Entre a paixão e a traição, entre a realidade e a ilusão, o romance se desdobra como um espelho quebrado, refletindo as fragilidades humanas. A mente de Bentinho, em seu labirinto de pensamentos, nos convida a refletir sobre o que é real e o que é apenas construção daquilo que desejamos acreditar. Uma obra que, como o tempo, nunca nos deixa com respostas definitivas, mas com ecos e suspiros de um amor que pode ter sido ou não, um amor que é sempre lembrado de maneira incompleta, como o próprio nome do livro: *Dom Casmurro*.
ABRAÇOS, QUERIDO.
Minha amiga Cléia,
ExcluirVocê fez um belo complemento ao texto que escrevi.
Ler é entender a leitura, cada um a seu modo. O escritor primeiro escreve sozinho e em silêncio, mas, depois que a "fera é solta", o leitor assume o controle da narrativa da melhor forma possível.
Um forte abraço e tenha dias suaves de outono!!!
Que bela análise sobre o livro " Dom Casmurro" de Machado de Assis.
ResponderExcluirUma historia de amor, um drama de vida, um triangulo amoroso. Realmente, prende totalmente a atenção do leitor. Parabéns !
Tenha uma feliz semana!
Beijos!
Querida amiga Vilma,
ExcluirO livro "Dom Casmurro" de "Machado de Assis" e os demais títulos deste grande autor brasileiro, na verdade, narram "lacunas literárias" para fazer o leitor revelar o final da história da forma que desejar.
Romances bem escritos são aqueles que nunca juntam poeira em suas páginas.
Tenha uma feliz semana de outono!
Beijos!!!