Quem nunca viu/escutou (em um telejornal), um repórter e/ou jornalista, dizer quando lê algo que alguém falou: “ABRE ASPAS...”
Este sinal de pontuação (“ ”), é um dos principais recursos de destaque de linguagem, que é empregado na escrita e desempenha a função de demarcar cada unidade a ser sinalizada, no limite da estrutura sintática do texto. Assim, o principal papel destas “vírgulas dobradas”, são de conotar a pontuação dos recursos prosódicos utilizados na fala, para darmos ritmo, entoação e pausas na palavra escrita.
O escritor português, “José de Sousa Saramago” (16 de novembro de 1922 - 18 de junho de 2010), abriu mão das vírgulas, como modo de distinguir sua escrita das outras; “João Guimarães Rosa” (27 de junho de 1908 - 19 de novembro de 1967), criou algumas palavras na língua portuguesa, com o sentido diminutivo de muita intensidade, como o sufixo (“inho,izinho”), “sozinhozinho”, por exemplo, que aparece muito em suas obras; “Nelson Falcão Rodrigues” (23 de agosto de 1912 - 21 de dezembro de 1980), aboliu de seus textos o ponto final e, qualquer livro seu que contenha um ponto final, é com total contrariedade do autor junto ao editor da “obra rodrigueana”; “Edgar Allan Poe” (19 de janeiro de 1809 - 7 de outubro de 1849), se orgulhava de ser antissocial, até mesmo com a utilização dos parágrafos em suas obras literárias, piorou em tentar fazer amizades; Eu, indo na direção da excentricidade destes grandes nomes da literatura mundial, utilizo-me bastante das aspas, no intuito de colocar minha escrita, de modo diferenciado junto aos leitores e demais autores.
Mas, porque faço desta maneira? primeiro (como já disse), com a finalidade que tenho em vista fulgir meus escritos diante dos demais autores e também, porque, na fala coloquial do dia a dia, temos o contato direto com nossos interlocutores, contamos também, com nossos gestos, na tentativa de deixar claro aquilo que queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de pontuação que “gesticulam” e garantem a coesão, a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de sentidos dos enunciados.
Vejamos, a seguir, como utilizar bem as aspas.
Aspas (“ ”)
As aspas (ou “vírgulas dobradas”), são sinais de pontuação usados para realçar algumas partes de um texto. As aspas são inseridas nas palavras para: destacar citações; palavras pouco usuais (embora, algumas pessoas também utilizem o itálico para isso); servem também, para indicar palavras com outro sentido como: afetivo, irônico, nomes de países, cargos governamentais, nomes próprios, marcas, etc... - As aspas também são utilizadas com as seguintes finalidades:
a) Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como: gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares: As aulas do professor Douglas são “iradas!”; O Mundo entrou em “lockdown”, devido a pandemia da “COVID-19”.
Verifiquem aqui, que na segunda frase, podemos (e devemos), utilizar duas palavras com aspas. É errado a utilização da marcação simples (‘ ’), para destacar uma das palavras ou ambas.
* Uma dica: Estando na dúvida se você deve ou não destacar uma ou várias palavras com aspas (em uma frase), opte sempre em não destacar. Lembre-se, na dúvida, “menos é mais”.
b) Indicar uma citação direta: “...No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. Tinha uma pedra. No meio do caminho tinha uma pedra...”¹
Aqui observamos a utilização clássica das aspas, no início e no fechamento da frase/citação. Neste caso, se houvesse necessidade da marcação de alguma outra palavra, aí sim, deve-se usar também a marcação simples (‘ ’), para que não se repita, aspas dentro de aspas.
A marcação simples (‘ ’), é pouco usual e caso haja necessidade de destacar um termo em uma sentença, com objetivo de dar mais enfase, o melhor é grifar sempre com aspas (“ ”), seja no começo, meio ou final de uma frase e/ou texto, pois, as “vírgulas dobradas” sempre fazem ver com clareza nossa intenção de destacar uma palavra. A marcação simples, parece ser, uma crase fora da letra, com um acento agudo no final - exemplo: ‘amora’, ou fica semelhante a uma “sujeirinha” ao lado da palavra.
“FECHA ASPAS”.
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* Arte inicial da postagem ®DOUG BLOG: “Mafalda” (1964), personagem do cartunista: “Quino” (17 de julho de 1932 - 30 de setembro de 2020).
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¹ “No meio do caminho (1928), Carlos Drummond de Andrade” (31 de outubro de 1902 - 17 de agosto de 1987).
“Abre Aspas” (2002)
“José Geraldo Juste - Zé Geraldo”
(9 de dezembro de 1944)
♫Se eu fosse um poeta
E entortasse a minha linha reta
Você me daria um ponto
Ponto de interrogação
Se eu pusesse os meus enfeites
O prazer do seu deleite
Você me daria um ponto
Ponto de interrogação
Abre aspas e se entrega
Aos meus versos que são seus
Abrevia a minha história
O mundo anda tão depressa
Eu não tenho pressa,
Vou perder a hora
O mundo anda tão depressa
Eu não tenho pressa,
Vou perder a hora
Vou perder o sono,
Vou passar em claro
É claro que eu não vou passar em branco
Vou perder o sono,
Vou passar em claro
É claro que eu não vou passar em branco.
Abre aspas e me empresta
Os seus olhos de ateu
Abrevia a minha história
O mundo anda em linha reta
Eu ando em linha torta
Eu ando do meu jeito
Se o mundo anda em linha reta
Eu ando em linha torta
Eu ando do meu jeito
Vou andar à toa,
Vou ficar na proa
Cansei de ser marujo raso
Vou andar à toa
Vou ficar na boa
Se o mundo espera então eu faço
E se eu fosse um poeta
E entortasse a minha linha reta
Você me daria um ponto
Ponto de interrogação
Se eu pusesse os meus enfeites
O prazer do seu deleite
Você me daria um ponto
Ponto de interrogação
Abre aspas e me empresta
Os seus olhos de ateu
Alivia a minha história
O mundo anda em linha reta
Eu ando em linha torta
Eu ando do meu jeito
Se o mundo anda em linha reta
Eu ando em linha torta
Eu ando do meu jeito
Vou andar à toa,
Vou ficar na proa
Cansei de ser marujo raso
Vou andar à toa
Vou ficar na boa
Se o mundo espera então eu faço
Vou andar à toa,
vou ficar na proa
Cansei de ser marujo raso
Vou andar à toa
Vou ficar na boa
Se o mundo espera então eu faço.♫
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