Os bons paramédicos do “SAMU” (“Serviço de Atendimento Móvel de Urgência” - 192), que me perdoem, mas, outro dia, o porteiro do meu prédio interfonou para o meu apartamento, dizendo: - Seu Douglas, tem uns enfermeiros do “SAMU” aqui na portaria, dizendo que vieram atender um paciente com relato de parada cardíaca, está tudo bem por aí? Não tem nem vinte minutos que eu vi o senhor subir!
Eu disse ao porteiro para eles verificarem o número certo do apartamento, ou se eles não estavam no endereço errado? Mas, o atendente do “SAMU” insistiu com o porteiro, dizendo que o endereço que a central havia passado para eles, era mesmo aquele.
Meu Deus, se eu disse que não havia ninguém necessitando de atendimento médico no meu endereço e, o cidadão continuava insistindo com o porteiro (quase causando um infarto nele também), o quê se fazer numa situação dessas? Se foi um trote telefônico, lamento. Se foi um erro de informação da central do “SAMU”, eles que resolvam e, que resolvam rapidamente, pois, o paciente que estaria naquele momento sofrendo a parada cardíaca e precisando da urgência no atendimento, não pode esperar.
O pior é que o “lenga-lenga”¹ se prolongou por dez minutos, eu olhava pela sacada e ainda avistava a viatura parada lá embaixo, com as luzes das sirenes acesas e, isso me levou a crer, que o paciente da urgência estava no mínimo dez minutos atrasado no socorro pré-hospitalar e isso, por uma total incapacidade das pessoas entenderem, o quê é dito de maneira clara para elas.
Estão banalizando a vida de tal maneira, que nem sei qual será o final de tamanha incompetência? É fato que algumas pessoas desocupadas, passam trotes telefônicos para estes serviços e estão cometendo um erro gravíssimo, moral, social e ético. Mas, ver paramédicos (ao celular, na frente do meu condomínio), todos com os aparelhos nas mãos ao mesmo tempo, após serem informados que estavam no endereço errado, pode significar muitas coisas... Uma delas é que eles estariam tentando encontrar o endereço certo, mas, de contrapartida, pode representar que eles estavam em “Redes Sociais” ou falando em aplicativos, pois, todos sorriam felizes, como se nada estivesse acontecendo ali.
Não é de hoje que a área de saúde no “Brasil” apresenta provas de saturação e desrespeito no atendimento ao público, com os exemplos errados vindos de alguns profissionais da saúde. Sim, pois, existem médicos do serviço público que batem ponto e não trabalham, muitos vendem receitas e atestados médicos para pacientes, alguns enfermeiros e cuidadores, maltratam idosos, gestantes e crianças, não é incomum vacinas e medicações, que não passam de “placebos”²; uma leva de médicos cobram “por fora”, para fazer cirurgias pelo “SUS - Sistema Único de Saúde”, sem contar a falta de leitos, higiene, etc... - que encontramos com frequência nos hospitais públicos espalhados por todo o país. No tempo da vovó, algumas mulheres que iam ter filhos em maternidades públicas, escutavam: - “Vai com Deus!” - hoje elas escutam: - “Boa Sorte!”
A imprensa alerta, o povo reclama e denuncia, mas, o poder público faz “vistas grossas” (mesmo o atual governo, que diz que não praticar a “velha política”), em nada melhorou a saúde até agora. Ou seja, a saúde no “Brasil” está no “CTI - Centro de Tratamento e Terapia Intensiva”, respirando por aparelhos, faz tempo. Assim, nem o “Juramento de Hipócrates”³ é mais aplicável aos tempos modernos.
A pergunta que fica para esta equipe do “SAMU” (que me fez esta visita), pois, foi uma visita, porque, sendo um trote ou não, o atendimento não existiu. Então, seriam eles despreparados e incompetentes? Ou foi puro descaso no atendimento de saúde, que no “Brasil”, já se tornou tão comum?
E mais uma vez da sacada da varanda da sala do meu apartamento, eu visualizei lamentavelmente, a saúde do nosso “Brasil Varonil” sendo defenestrada⁴, com requintes de crueldade, como se o vírus da incompetência estivesse acometendo àqueles “paramédicos parasitas do SAMU”.
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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
¹ “Lenga-lenga” é uma conversa, narrativa ou peça de oratória enfadonha e monótona; ladainha, cantilena. Algo que é demorado, fastidioso.
² “Placebos”, são todas substâncias sem propriedades farmacológicas, administradas a pessoas ou grupos de pessoas, como se tivesse propriedades terapêuticas. A palavra “placebo” vem do latim: “Placere”, que significa: “agradar”.
³ O “Juramento de Hipócrates”, é um ato solene efetuado por ocasião da formatura dos alunos de medicina, no qual os mesmos juram praticar a medicina honestamente. Este juramento escrito por “Hipócrates” (considerado como o pai da medicina ocidental), é original do grego jônico (Século V a.C.). Existem duas versões do “Juramento de Hipócrates”, a original, escrita em “Lausana” (1771) e outra, ratificada em (1948), pela “Declaração de Genebra” (posteriormente atualizada em (1968, 1983, e 2017), ambas cidades suíças.
⁴ “Defenestração”, é o ato de atirar algo por uma janela. Refere-se, contudo, mais especificamente ao ato de atirar pessoas de uma janela ou ao caso de suicídio. O termo provém da palavra latina para janela: “fenestra”.
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웃 PERSONAGENS NAS ARTES NÃO MENCIONADOS NO TEXTO:
* “Garfield e Odie” (1978), criações do cartunista americano: “Jim Davis” (28 de julho de 1945).