Quem já escutou (ou disse), esta célebre frase: “Eu nem sei por onde começar?” - sabe que é prenúncio de que alguém será abandonado ou ficará sozinho.
Pois é, nesta vida “nem tudo são flores primaveris”, existem também as “secas flores de Outono” e, as “Veredas do Grande Sertão”... E é na imensidão dos sertões, que “uma Rosa nasceu” repleta da essência do: “Era uma vez...”, vinda de um sertanista solitário, que disse: “Eu não sei o que sou. Posso bem ser cristão de confissão sertanista, mas também pode ser que eu seja taoista à maneira de Cordisburgo.”
Em “Grande Sertão: Veredas” (1956), a palavra “SÓ”, é para o “Seu Rosa”, exclusivamente um conceitual da língua portuguesa, que não contém em si mesma, nenhuma conotação emocional. Assim, quando “João Guimarães Rosa” (27 de junho de 1908 - 19 de novembro de 1967), criou a palavra “sozinhozinho”, ele achava que a palavra “SÓ”, havia perdido sua força e também “SOZINHO”, que para ele, havia virado “poeira do sertão”. O poeta se sentiu anônimo, ao utilizar este vocábulo, pois, achou que seria insuficiente para expressar tamanha solidão sentida. Assim sendo, decidiu acrescentar-lhe um sufixo diminutivo - (“inho”), bastante utilizado na língua portuguesa, com o sentido diminutivo de intensidade (cedinho, muito cedo; devagarinho, muito devagar; pequenininho, muito pequeno; etc...) - O resultado porém, também não ficou ao agrado do “gigante Guimarães Rosa”, que criou um sufixo ainda menor - (“inho,izinho”), para a palavra “SOZINHO”, que o autor, achou também ter perdido sua “elegância poética”, pois, havia passado a ser usada, como um simples sinônimo de “SÓ”.
“João Guimarães Rosa”, percebendo a inexpressividade do vocábulo “SOZINHO”, procurou reavivar o seu significado originário, servindo-se de um processo criativo, trouxe ao uso (não coloquial) e sim, literal, o sufixo diminutivo (criado por ele), no final do vocábulo, fazendo surgir a forma verbal “sozinhozinho”.
“Guimarães Rosa”, acabou sendo uma espécie de precursor do “Poeminho do Contra” - de “Mário de Miranda Quintana” (30 de julho de 1906 - 5 de maio de 1994), influenciando também, no decorrer da nossa vasta história literária, outros grandes escritores/escritoras: “Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!” - “Mário Quintana”.
Muitos que acabaram de ler mais este texto aqui do ®DOUG BLOG, sequer imaginam o sofrimento (que por vezes), é para um autor, ter de encontrar a palavra certa, para manifestar com pertinência, aquilo que quer realmente dizer, numa espécie de sussurro. E como “sussurrava bem o Seu Rosa”: “Sussurro sem som, onde a gente se lembra do que nunca soube!”