Existem pessoas que acreditam em macumba, que fazem os seus despachos, os seus “trabalhos”, as suas oferendas aos Orixás. Tudo bem, cada um acredita no que bem quiser, além do mais, eu sou aquele tipo de pessoa que diz: “Para quem é de Amém... Amém! Para quem é de Saravá... Saravá! Para quem é de Shalom... Shalom! Para quem é de Axé... Axé! Para que é de Aleluia... Aleluia!” - cada um com suas crenças e superstições.
Agora, que a macumba existe, isso ninguém pode negar, pois, volta e meia, nos deparamos com um despacho na gamela de barro, com direito a velas, charuto, galinha preta, pipoca, cachaça, figa de Arruda e Guiné, etc..., tudo deixado em encruzilhadas por seus praticantes. Mas, convenhamos, se macumba realmente surtisse algum efeito, o campeonato baiano de futebol, por exemplo, acabaria com todos os times empatados em primeiro lugar.
Nós seres humanos por vocação (ou por teimosia), estamos sempre esperando que as coisas possam melhorar de alguma maneira para nós, milagrosamente, numa espécie de fator mágico, onde o “pó de pirlimpimpim”¹, possa vir a existir em nossas vidas, fazendo com que, tudo entre nos eixos. Mas, se esperamos que algo possa melhorar, é porque, obviamente as coisas não estão nada bem e, desta maneira, nos propomos em crer em auxílios vindos de lugares, onde a ajuda jamais chegará, como é o caso da macumba, por exemplo.
As religiões, são os melhores exemplos da necessidade de crermos na existência do sobrenatural, pois, padres, pastores, monges, gurus, rabinos, pais e mães de santo e outros tipos de líderes espiritualistas, sempre nos prometem melhoras, se acreditarmos no “Deus deles”, como se houvesse uma comissão de deuses regendo o universo para nos atender.
Os homens por muitas vezes são bizarros, devastam a natureza que é visível aos olhos (no ecossistema) e creem em “deuses e entidades”, que não são visíveis aos olhos, mas, nunca deixam de depreciar a natureza de um modo geral, afetando a maior criação Divina.
Porém, para cremos em Deus não precisamos estar vinculados a qualquer tipo de religião que seja, só é preciso que saibamos separar a religiosidade, da religião e da fé. A religiosidade é o que transcende do ser e transforma a espiritualidade em ações reais, como a caridade, por exemplo; já as religiões, são criadas por “especialistas” (sim, pois, todos os que estão à frente das suas religiões, se julgam “especialistas” do seu dogma), que por sua vez, conduzem suas “ovelhas” na crença que tudo com eles se pode aprender, pois, a maioria deles, colecionam vários títulos pomposos de: Bispo, Arcebispo, Cardeal, Dom, Monsenhor, Pastor, Rabino, Papa e até de “Apóstolo”, um desses pastores evangélicos (de intelecto duvidoso), se intitula; por fim, a fé, que é um sistema de crenças religiosas. No catolicismo, por exemplo, é a primeira das três virtudes teologais: ter fé, é crer sem precisar ver ou tocar naquele que se acredita.
“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” (“João” - 20:29)
O 266° “Papa da história - Francisco I, o argentino, Jorge Mario Bergoglio” (17 de dezembro de 1936), que anda na contramão da história das vaidades religiosas, diz que para ele, o “anel do pescador” é só uma simbologia da religiosidade.
Então, como os ateus podem existir, se eles não creem em Deus? Os ateus, no meu ponto de vista, são contraditórios por natureza, pois, como podem negar a falta de fé em alguém que não existe, se só nos opomos ao que nós é apresentado? Assim sendo, acho que existem muitos “ateus graças a Deus”², por aí, com mais fé em Deus do que muitos “carolas de plantão”, que se dizem crentes.
Felicidade começa com “fé”, mas, muitos acham que ter sorte na vida é ganhar dinheiro, ter um bom emprego, conhecer a pessoa ideal para se relacionar, alguns creem que ser feliz é ter amigos para tomar cerveja nos finais de semana, outros ainda acham, que ser feliz, é viver uma vida simples e desapegada de coisas materiais. Mas, a felicidade será sempre encontrada na realidade, em frações, em pequenas porções, que são distribuídas a nós, nos momentos que vivemos, pois, não existe uma plenitude de felicidade ou um estado total de desgraça, até porque, ninguém é feliz o tempo todo, do mesmo modo, que ninguém fica “no fundo do poço” a vida inteira. A felicidade só é possível, por sentirmos ausência dela, pois, podemos contar nos dedos das mãos (e sobrarão dedos), às vezes que fomos realmente felizes.
Outra utilidade que o “pó de pirlimpimpim” poderia ter, seria o dom de eliminar os medos. O ser humano que habita o Mundo contemporâneo, está sempre “antenado”, na correria desenfreada do dia a dia, sentindo muito medo de tudo e de todos. Temos medo de coisas tradicionais, coisas que nossos avós já sentiam medo, como é o caso de ir ao dentista, de ladrão, de viajar de avião, de sofrer acidentes de modo geral e por fim, medo da morte. E a cada dia que passa adquirimos novos fobias e manias, que a medicina denomina de “TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo”.
Sentimos temor de quase tudo, nos trancamos em nossos lares, estamos armando o cidadão comum, na ilusão que isso trará proteção, para que assim, ao menos, o medo do ladrão não se faça mais presente em nossas vidas.
O medo sempre será a mola propulsora do Mundo, até porque, uma pessoa destemida demais, se torna perigosa, pois, ela acha que tudo pode fazer, sem limites e, na vida tudo é possível fazer, mas, nem tudo convém ser feito (e isso é bíblico).
Assim sendo, o medo das doenças, da morte, do ladrão, de ir ao dentista, etc..., hoje em dia quase não nos esmorece, pois, como disse anteriormente, o homem moderno teme tudo e todos, não somente três ou quatro coisas. E muitos, para piorar o que já parece ruim, ainda sentem medo de baratas e de macumba. Vai entender?
Eu não vou negar, ando com medo até de sentir medo.
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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
¹ “Pó de pirlimpimpim”, é um pó mágico existente nas histórias do “Peter Pan” (1904), do escritor escocês: “Sir James Matthew Barrie” (9 de maio de 1860 - 19 de junho de 1937), que aparece também com a personagem “Emília” (1920/1947), do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de: “José Bento Renato Monteiro Lobato” (18 de abril de 1882 - 4 de julho de 1948).
² “Soy ateo, gracias a Dios! - Sou ateu graças a Deus!”, é uma frase dita pelo cineasta espanhol: “Luis Buñuel Portolés” (22 de fevereiro de 1900 - 29 de julho de 1983).
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웃 PERSONAGENS NAS ARTES NÃO MENCIONADOS NO TEXTO:
* “Garfield e Odie” (1978), criações do cartunista americano: “Jim Davis” (28 de julho de 1945).