“Lamartine de Azeredo Babo - Lalá” (10 de janeiro de 1904 - 16 de junho de 1963), foi um dos mais boêmios e talentosos compositores de todos os tempos. Começou a compor valsas aos 14 anos, quando foi estudar no “Colégio São Bento”, dedicando-se à música sacra, depois passou a compor operetas. Anos mais tarde, ficou conhecido como o “Rei do Carnaval”, sendo vencedor, por anos consecutivos com suas marchinhas divertidas, que são cantadas até hoje, como por exemplo: “O Teu Cabelo Não Nega” (1932); “Linda Morena” (1933); “Grau 10 e A Marchinha do Grande Galo”, ambas de (1935).
Em (1949), ele compôs em seu programa de Rádio “Trem da Alegria”, os hinos dos onze times participantes do “Campeonato Carioca de Futebol” daquele ano. Assim, os grandes “Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco” e ainda: “Bangu, São Cristóvão, Madureira, Olaria, Bonsucesso, Canto do Rio e América”. Aliás, por ser torcedor fanático do “América” (clube que já foi considerado grande), porém, hoje devido a precárias condições financeiras, deixou de disputar todas as competições brasileiras importantes, “Lalá” deixou por último o hino do seu clube de coração (segundo ele, para caprichar mais na letra) e acabou (segundo alguns historiadores), cometendo um plágio na melodia da música, utilizando algo igual (ou muito parecido), com a da canção: “Row, Row, Row”¹ e ninguém soube explicar porque, este fato ocorreu assim? (nem “Lamartine Babo” também explicou). O quê ninguém pode negar, é que talento ele tinha de sobra, assim, não justificando um plágio (ou suposto plágio), pois, a melodia do hino do “América” até hoje continua a mesma.
“Lamartine Babo” era uma pessoa bem humorada e divertida. E por não possuir atributos físicos que o tornassem num galã da sua época, tornou-se numa espécie de “galhofeiro”, não perdendo nunca a chance de um trocadilho ou de um chiste. Mas, tem certas histórias que ele afirmava categoricamente ser “verdades verdadeiras”, porém, sem nunca ter comprovado a veracidade de nada. Mesmo assim, vale a pena destacar aqui algumas delas. Certa vez, dando uma entrevista, ele teria dito o seguinte: “Eu me achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso!”
Numa outra entrevista, o locutor perguntou qual era a maior aspiração dos artistas do “broadcasting” (termo muito usado na época, que vem do inglês e significa: transmitir, difundir), “Lalá” sem vacilar responde: “A aspiração varia de acordo com o temperamento de cada um... Uns desejam ir ao Céu... Já que atuam no éter... Outros ‘evaporam-se’ nesse mesmo éter... Os pensamentos da classe são éter... Ó... gênios...”
Esta frase teria lhe garantido o título de “O Pior Trocadilho” do ano de (1941), se é que tal competição existiu mesmo, fora da cabeça do genial “Lamartine Babo?”
Outro caso peculiar da vida de “Lamartine”, aconteceu (ou teria acontecido), numa agência dos Correios, onde “Lalá” foi enviar um telegrama e o telegrafista bateu o lápis no balcão em “Código Morse”² para um colega: “Magro, feio e de voz fina”.
“Lalá” relata que tirou o lápis da mão do funcionário dos correios e bateu no balcão corrigindo a mensagem: “Magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista”.
Mas, existem histórias verídicas na vida de “Lamartine Babo”. Certa vez ele recebeu uma carta apaixonada vinda da cidade mineira de “Boa Esperança”, remetida por uma mulher de nome: “Nair Pimenta de Oliveira”, pedindo fotografias do ídolo, para um álbum de recordações. “Lalá” mandou as fotos e se correspondeu por um ano com a fã apaixonada, até que esta interrompeu as cartas porque ia se casar. Convidado tempos depois (por um dentista amigo seu), para ir à “Boa Esperança”, “Lalá” se apressou em tentar conhecer a tal “Nair”, que para a sua surpresa, não existia, pois, quem lhe escrevia as tais cartas, era o próprio (amigo dentista), que colecionava fotos de celebridades e viu desta forma, uma boa maneira de conseguir o que queria. “Lamartine”, então, após este episódio, compôs uma de suas mais belas canções: “Serra da Boa Esperança” (1937):
♫ Serra da Boa Esperança, esperança que encerra ♪ No coração do Brasil ♪ Um punhado de terra ♪ No coração de quem vai, no coração de quem vem ♪ Serra da Boa Esperança, meu último bem... ♫
“Lalá” nunca perdeu o bom humor nem no final da vida. Em (1963), ano da sua morte, um repórter que esteve no “Hotel Copacabana Palace - RJ”, para entrevistar “Carlos Machado” (16 de março de 1908 — 5 de janeiro de 1992), aproveitou também a presença de “Lamartine Babo” no local e, fez uma entrevista com ambos. “Lalá” perguntou se a reportagem seria exibida naquele mesmo dia e, o repórter disse que não, pois, naquele dia seria exibido na emissora uma entrevista com: “Antônio Carlos Jobim - Tom Jobim” (25 de janeiro de 1927 - 8 de dezembro de 1994), que havia voltado dos “Estados Unidos”. “Lalá” então saiu com essa tirada de maneira debochada: “Ah! Quer dizer que agora eu estou um tom abaixo?”
°°°
[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
¹ “Row, Row, Row - Rema, Rema, Rema” (1912), é uma canção dedicada aos remadores norte-americanos e aos atletas da “Universidade Oxford - Inglaterra”, composta por: “James Vincent Monaco” (13 de janeiro de 1885 – 16 de outubro de 1945) e “William Jerome” (30 de setembro de 1865 – 25 de junho 1932).
² O “Código Morse”, é um sistema de representação de letras, algarismos e sinais de pontuação, através de um sinal codificado enviado de modo intermitente, por batidas espaçadas.
°°°
웃 PERSONAGENS NAS ARTES NÃO MENCIONADOS NO TEXTO:
* “Garfield e Odie” (1978), criações do cartunista americano: “Jim Davis” (28 de julho de 1945).