“Eu te amarei sempre pelo ‘ontem’ e também pelo hoje,
que agora se transformou em eternamente!”
Esta frase que disse anos atrás, no dia que perdi alguém que amei demais para a morte, me fez crer que não existe luto... Existe luta!
Hoje estou retomando minhas atividades no ®DOUG BLOG, após minha luta... Meu luto. A vida segue, é fato... Mas, segue sem graça.
Brigamos bravamente contra nossas perdas, contra a saudade que sentimos. Eu sendo um jovem viúvo, respiro fundo e mesmo assim, ainda sinto o ar me faltar. Somos teimosos em não esquecer... E ainda bem que acontece assim, pois, não devemos e nem podemos esquecer aqueles que nos foram tão amados.
E dizer que foi melhor assim, que a pessoa estava sofrendo, que agora está em um lugar melhor... Ou dizer que a vida continua, entre tantas outras coisas (que soam só como clichês) e não como verdades de vida, não acrescentam nada. Ao menos para mim não acrescentou. Eu sei que a vida continua, mas, continua em uma espécie de outono que nunca se finda.
Os sinônimos existentes seriam poucos para revelar, o que a perda dos que amamos representa, seja “no ontem” ou hoje. As pessoas que estimamos, que são diletas, prezadas... As nossas pessoas amadas, quais também nos amaram, estas nunca serão um “hiato” em nossas vidas. Assim, volto a repetir: Não existe luto... Existe luta! Luta por um amor que nunca acaba, que não tem como fugir dele, pois, este amor (hoje é fruto da ausência), do distanciamento arbitrário que a morte lhe impôs e, que se alimenta e sobrevive da nossa saudade.
Ver um corpo sem vida em um caixão (ou receber uma “urna crematória” com as cinzas de quem morreu), nos choca... Mas, aquele é só um retrato mal revelado da pessoa tão querida que se foi, que partiu sem nos dizer para onde? Assim sendo, como quem morre pode estar em um lugar melhor, se morrer é uma viagem ao invisível e ao incompreensível?
De contrapartida, o luto é um conjunto de reações a uma perda significativa, se eu fosse chorar todas a saudades que sinto, das pessoas que amei e já perdi, teríamos um outro dilúvio e desta vez, sem uma “Arca” que pudesse dar jeito.
O luto é um direito que temos, de não querer esquecer quem amamos e que se foram, pois, morrer é a única certeza da vida... Todos nascemos sobre a sombra do luto e da saudade que um dia sentiremos. Tem uma frase minha que diz:
“Nascemos para coisas efêmeras e para sofrer a dor da morte!”
Ou seja, esta dor que todos conheceremos um dia, é inevitável. Segundo “John Bowlby”¹: “Quanto maior o apego ao ente perdido, maior o sofrimento do luto!”
O luto tem diferentes formas de expressão em culturas distintas (e não estou falando em religiões), mas sim, em grupos étnicos. Por assim ser, eu não vou sair por aí estudando outras culturas, na vã tentativa de encontrar a melhor maneira de enfrentar o meu luto, pois, como disse, o luto é meu, é pessoal e, cada um irá lidar da sua maneira com a suas próprias perdas, até porque, a saudade do luto é um buraco que se abre somente sobre os pés do enlutado, é um abismo de incertezas. O luto, é mesmo um “outono ácido” em nossas vidas, pois, quando passamos por este momento incômodo e inevitável, nada mais parece voltar a florir, mesmo que saibamos, que agora sozinhos, teremos uma longa estrada a seguir.
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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]
¹ “Edward John Mostyn Bowlby” (26 de fevereiro de 1907 - 2 de setembro de 1990), foi um psicólogo, psiquiatra e psicanalista britânico, notável por seu interesse no desenvolvimento infantil e por seu trabalho pioneiro, na teoria do apego do luto.
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웃 PERSONAGENS NAS ARTES NÃO MENCIONADOS NO TEXTO:
* “Garfield e Odie” (1978), criações do cartunista americano: “Jim Davis” (28 de julho de 1945).