“E Quem Faz Rir o Palhaço?”

Comédia vem da palavra latina “comoedia”, que representava situações humorísticas dentro de uma peça de teatro, usadas frequentemente para divertir o público, fazendo com que estes se sintam à vontade.

    

Uma comédia pode vir acompanhada ou não de diálogos. Em (1896), já víamos características do gênero em: “L’arroseur Arrosé - O Regador Regado”, dos “Irmãos Lumière - Alguste Marie Louis Nicholas Lumière (19 de outubro de 1862 - 10 de abril de 1954) - Louis Jean Lumière” (5 de outubro de 1864 - 6 de junho de 1948), considerada a primeira comédia do cinema mudo. Este tipo de obra é denominada de: “comédia pastelão”, em suas cenas com situações inesperadas.

    

Alguns anos mais tarde, “Sir. Charles Spencer Charlie Chaplin Jr.” (16 de abril de 1889 - 25 de dezembro 1977), conseguiu melhorar a qualidade da “comédia pastelão” (ainda no cinema mudo), trazendo sua experiência dos palcos londrinos, para as telonas dos cinemas, com “gags” que faziam as plateias não se aguentar de rir.

   

Com o passar dos anos as comédias evoluíram para outros subgêneros, como as comédias de ação, românticas, “humor negro” e hoje, existe este tipo de comédia estilo “besteirol”, protagonizada por humoristas de “Stand Up”¹, por exemplo, com anedotas de gosto pra lá de duvidoso.

   

Bons eram os tempos do quarteto: “Os Trapalhões: Didi — Renato Aragão (13 de janeiro de 1935); Dedé Santana — Manfried Sant’Anna (29 de abril de 1936); Mussum — Antônio Carlos Bernardes Gomes (7 de abril de 1941 - 29 de julho de 1994) e Zacarias — Mauro Faccio Gonçalves”, (18 de janeiro de 1934 - 18 de março de 1990). Aliás, “Zacarias”, para mim, foi o melhor trapalhão, pois, era na turma, aquele que sabia fazer o povo rir, ao mesmo tempo, em sua vida particular, era o “palhaço triste” entre os quatro, portador da “AIDS - causada pelo vírus HIV”, em tempos que a doença ainda era muito desconhecida, ficou isolado de tudo e de todos, no fim de sua vida. A “Rede Globo” relançou os novos “Trapalhões”, em (2017), mas, sem sucesso na programação da emissora: “Didico — Lucas Veloso (28 de junho de 1996); Dedeco — Bruno Gissoni (9 de dezembro de 1986); Mussa — Mumuzinho (14 de dezembro de 1983) e Zaca — Gui Santana” (9 de dezembro de 1986), fracassaram na tentativa de reviver este humorístico.

    

Um dos mais completos humoristas do cinema contemporâneo, foi “Jerry Lewis” (16 de março de 1926 - 20 de agosto de 2017), mas, em nenhum momento, eu creio que ele tenha sido um “palhaço triste”.

    

Em sua autobiografia, um dos melhores comediantes do passado: “Groucho Marx”, do inesquecível quinteto: “Marx Brothers - Os Irmãos Marx”², conta uma história bem interessante de um homem que vai ao médico por sofrer de uma forte depressão e ele diz ao médico:

💬 Doutor, eu sou o homem mais triste do Mundo!

O médico lhe receita um bom show de humor para a sua melhora:

💬 Rir é sempre o melhor remédio... É infalível! - (diz o doutor).

O homem, no entanto articula que não adianta, pois, nada conseguirá lhe fazer sorrir naquele momento. O médico então insiste e sugere uma visita ao circo, que está na cidade, onde se apresentará naquela noite o melhor palhaço do Mundo:

💬 Não há depressão que resista ao show do Palhaço Grock! - (profetiza o médico).

Cabisbaixo, o homem pega o seu chapéu, levanta-se indo em direção à porta da saída do consultório do médico, no que o médico pergunta:

💬 Meu senhor, porque está indo embora assim, ainda tão desanimado? Faça o que lhe disse!

No que o homem responde:

💬 Doutor, não vai dar certo esta sua receita milagrosa de felicidade... Eu sou o Palhaço Grock!

Assim sendo, eu creio que o “Palhaço Grock” seja o “alter ego” (o outro eu), do comediante norte-americano “Groucho Marx”, pois, até o apelido do humorista vem da palavra inglesa para mal-humorado: “grouchy”. “Groucho” ficou conhecido por suas sacadas céleres e cítricas, disparadas para todos os lados, a princípio em peças teatrais, em filmes e comédias clássicas dos anos (1930 e 1940).

   

E são de “Groucho Marx” muitas frases recheadas de sagacidade, como por exemplo:  “Eu acho a televisão muito educativa, toda vez que alguém liga o aparelho, eu vou para a outra sala e leio um livro!” 

   

Então se o velho “Groucho” visse à programação de TV de hoje em dia, ele quebraria todos os aparelhos de TV que aparecessem em sua frente, de tanta raiva que passaria. 

   

Existem muitas outras frases de “Groucho Marx”, que eu gosto muito, mas, vou citar mais duas. A primeira é sobre um convite que lhe foi feito por um renomado clube social norte-americano, para o qual ele respondeu o convite da seguinte maneira: “Eu me recuso a fazer parte de um clube que me aceite como sócio!” 

   

Já a outra frase, “faz cair por terra” esta bobagem do insuportável (e porque, não dizer no superlativo do adjetivo chato), este “CHATÍSSIMO” “Politicamente Correto”, quando “Groucho Marx” diz: “Eu não sou vegetariano, mas como animais que são!” 

  

“Groucho Marx” foi contemporâneo de outro gênio da arte de fazer rir: “Charles Chaplin”, embora o tipo de humor dos dois seja bem diferente, porque, “Chaplin” era reconhecido no meio profissional, não só pelo seu enorme talento, mas também, por seu perfeccionismo, que coabitavam o mesmo espírito daquele “Adorável Vagabundo”, um homem pequeno, mas, com grandes desafios... E o principal deles, era tentar encontrar sempre o melhor papel a ser encenado, pois, como já disse, “Chaplin” ajudou a mudar os rumos do cinema no século XX, em sua infatigável busca, em conseguir encontrar o melhor de “Carlitos” (filme após filme). E ele conseguiu, pois, “Charles Chaplin”, deixou um legado de obras realmente belíssimas, escritas na história do cinema mundial, até mesmo em composições musicais, como, por exemplo: “Smile”, que é a mais famosa canção composta por “Chaplin”, em (1936), para seu filme: “Modern Times - Tempos Modernos”.

    

Mas, existe um “palhaço” (que não é “palhaço”), é “erudito”, mas, que morreu de maneira pouco nobre e infeliz. Estou referindo-me a: “Robin Williams” (21 de julho de 1951 - 11 de agosto de 2014), para mim um dos melhores atores de “Hollywood”. Provando que, o talento sempre vencerá os “rostinhos bonitos”. “Robin Williams” foi... “Uma Babá Quase Perfeita” (filme lançado em 25 de dezembro de 1993). Mas, assim, como todos nós, foi um ser humano muito imperfeito, chegando ao ponto de cometer suicídio, deixando uma lacuna enorme na arte de fazer os outros rirem. “Williams”, assim como o “palhaço Grock”, também não sabia “se fazer rir”. Aliás, o que acontece com muita frequência com as grandes mentes, principalmente da comédia.

   

Esta face obscura do ator “Robin Williams”, apareceu explicita já no final de sua talentosa vida, pois, ele lutava há alguns anos contra o transtorno bipolar, dependência de álcool e substâncias químicas. O artista chegou a falar em uma entrevista, sobre o peso de “fazer rir o tempo todo”, criado pela expectativa das pessoas que assistem a uma comédia. Desta maneira, no final de um último “bate-papo” do ator, em um “Talk show”, o “Bufão Robin Williams” deixou uma pergunta no ar: - “E quem faz rir o palhaço?”

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¹ “Stand Up”, é o termo em inglês, referente a um espetáculo de humor apresentado por um artista que se apresenta de pé, diante do público, contando piadas. 

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² “Marx Brothers - Os Irmãos Marx”, que além de: “Julius Henry Marx - Groucho Marx” (2 de outubro de 1890 - 19 de agosto de 1977), contava com outros 4 irmãos: “Leonard Joseph  Marx — Chico (22 de março de 1887 - 11 de outubro de 1961); Adolph Arthur Marx — Harpo (23 de novembro de 1888 - 28 de setembro de 1964); Milton Marx — Gummo (23 de outubro de 1893 - 21 de abril de 1977) e “Herbert Manfred  Marx — Zeppo (25 de fevereiro de 1901 - 30 de novembro de 1979).

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