Nos anos (1950), após a derrota da “Copa do Mundo” em pleno “Maracanã” para o “Uruguai”, o “Brasil” conheceu “A Moderna”. Recém-chegada, ela desde o princípio, deixou as pessoas fascinadas. Em pouco tempo, muitos a levaram para morar em suas casas. Mas, como isso seria possível? Era uma espécie de rodízio que a tal novata fazia na casa das pessoas? Não, nada acontecia assim. Ela era muito cara, não condizia com os moldes simples da maioria das famílias brasileiras, assim, ela só frequentava as “altas rodas”.
Mas pasmem, até as senhoras mais tradicionalistas da sociedade, aceitaram instantaneamente, a presença da “Moderna” em suas casas de “classe média alta”, “bancando os seus caprichos”.
Quando eu nasci, muitos anos depois da chegada da “Moderna” (enquanto eu crescia), ela já tinha um lugar muito especial nos meus dias (servindo por vezes, até de babá).
Minha mãe (sempre presente em meus dias), me ensinou o que era certo e errado... E meu pai (mesmo trabalhando muito), sempre teve tempo de me ensinar a ser probo. Mas, “A Moderna” era rebelde, falava por horas das suas aventuras e mistérios. Ela disse, entre tantas coisas, que viu de perto, até o astronauta “Neil Armstrong” (5 de agosto de 1930 - 25 de agosto de 2012), ser o primeiro homem a pisar em solo lunar, em (1969), a bordo da “Apollo XI”. Ou seja, ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber. Conhecia tudo do passado, do presente e podia até predizer, algumas coisas do futuro. O chato é que não podíamos discordar dela, “A Moderna” sempre tinha a última palavra.
Foi “A Moderna” quem levou minha família ao primeiro jogo de futebol. Ela era danada, fazia a gente rir e chorar. O terrível nela, é que era “tagarela” demais, quase nunca parava de falar, mas, o meu pai a amava mesmo sendo assim tão fofoqueira.
Meu pai tinha muito zelo pela “Moderna”, mandava a gente ficar em silêncio para poder escutá-la. Algumas vezes, ela ia para o quarto e dormia lá. Minha mãe não gostava, mas, aceitava. Eu me perguntava, quantas oportunidades (e vontade), minha mãe deve ter tido, de mandar “A Moderna” embora?
As brigas, os palavrões em nossa família não eram permitidos, porque, meus pais mantinham o nosso lar com fortes convicções morais, principalmente por minha mãe ser muito religiosa. Mas, “A Moderna” não se sentia obrigada a segui-las, pois, usava uma linguagem própria e inapropriada, que por vezes, queimava os meus ouvidos e, fazia meu pai e minha mãe ruborizar de vergonha, sentados, paralisados no sofá da sala.
Em casa, meus pais nunca nos deram permissão para tomar álcool e fumar, mas, “A Moderna” ia contra eles e nos incentivava, dizia que isso nos destacava na sociedade, que era “Chic”. Falava livremente (fugindo à ordem normal da época), sobre sexo. Agora sei, que a maioria dos meus conceitos sobre relações (durante minha adolescência), foram influenciados fortemente por ela. E até jogos com ela, nós jogávamos, porém, mesmo ela sendo até mesmo recreativa, criticávamos “A Moderna”, mas, ela não se importava e não ia embora da nossa casa.
Algumas vezes “A Moderna” algumas vezes precisava ir ao “médico”, mas, logo voltava revigorada. Acho que ela acabava “adoecendo” de tantas novelas “assistidas”.
Mesmo assim, passados mais de meio século de vida, até hoje, ela ainda adora novelas. Mas, ela mudou muito, porém, continua prática, bonita e elegante. Esta sempre tranquila, esperando que alguém queira escutar suas conversas, ou dedicar o seu tempo livre a fazer-lhe companhia, a admirá-la. “A Moderna” continua sendo uma boa companheira de jogos e hoje, até de games mais sofisticados, pois, “emponderada”, ela também se adequou aos novos tempos, tornando-se ainda mais “moderna”.
E qual é o nome dela? Todos a conhecem pelo nome de “TELEVISÃO”, porém, no Mundo contemporâneo, “A Moderna” arranjou até um marido chamado: “Celular Android” e tiveram dois filhos: “iPad e iPhone”, mais modernos que ela.
“A Moderna” constituiu família, unida e amada por muitos. Já as nossas famílias, estas, a cada dia que passa, ficam mais distantes e cada vez mais fora do ar, totalmente sem sintonia, devido a presença maciça dos “Smartphones” em nossos dias.
Quem dera, existisse um controle remoto que desligasse a “TV” dos nossos problemas da vida, trazendo só noticias boas. Isso seria o ideal, para essa “senhora quase setentona”, que já viu e transmitiu tantas coisas.