Trago aqui no ®DOUG BLOG uma narrativa às avessas de “Davi e Golias”¹. Mas, quem sabe no fim desta jornada, recriemos a verdadeira passagem bíblica? Esta postagem poderia ser também sobre perdão (embora o perdão seja algo complexo, quase Divino). Tem uma frase minha que diz:
“A verdade é que sempre pedimos perdão depois do erro cometido,
pois, do contrário ser perdoado não faria o menor sentido!”
De contrapartida, tem outra frase minha (que cabe bem ao relato bíblico de “Davi e Golias”), que diz:
“Matar o gigante é fácil. Difícil é remover o cadáver!”
Ainda sou pequeno, mas, já aprendi a pedir perdão. Estou aqui para dizer: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!”² A ampulheta está quebrada... Os pássaros saíram em revoada, deixando todas as florestas e cidades abandonadas. O tempo parece que não passou... O fim não existiu e o começo, não começou. Perdão!... Perdão por eu ter chegado na surdina me escarrapachando pela vida (hoje nada linda), que finda prematura... Que finda!
Perdão por eu ter feito vocês se apartarem, se zangarem, se ilharem em suas casas e em seus medos, no silêncio e lágrimas. Perdão por eu ter levado tanta gente querida embora, sem despedidas.
Eu entrei sem bater na porta, sem pedir licença, sem ser convidado e mesmo assim, fui recebido por todos, neste “baile de máscaras” que ninguém consegue pôr fim. Os dias passam, eu cresço e de caras mascaradas, todos vocês me aturam, me olham de lado, pois, ainda estou aqui e permanecerei por um bom tempo, até porque, eu não sei para onde ir ou voltar? Afinal, momentaneamente estou onipresente. Eu não sou nem perguntas, nem respostas ou incógnitas... Dizem que sou irremediável, mas disso, eu nada sei?
Perdão por eu estar dando tanto trabalho, tanta dor de cabeça, por eu ser tão teimoso, cruel e perigoso... Perdão!
Agora, não acreditem nos que dizem qualquer coisa sem nexo... Algo milagroso que será melhor para suas vidas, façam escolhas próprias (ninguém deve ser tratado como gado), fujam de tudo, evite todos, protejam-se... Ainda é preciso, pois, comigo o Mundo aprendeu a dar valor no que era óbvio... Estar vivo.
Antes do amanhecer, “Pedro negou Jesus” três vezes. E hoje, tantos continuam me negando todos os dias também e, depois padecem. Insistir em me negar, só me preservará e assim, continuarei fazendo o Mundo todo de refém, carpindo um “Tsunâmi de lágrimas”.
Eu sei que estou deixando as pessoas de todas as idades aflitas, acima do peso, tristes, depressivas e descapitalizadas, mas, eu nunca conseguirei fazer algo bom nesta vida. Assim sendo, aconteça o que acontecer, mesmo ainda tão jovem, eu sempre serei lembrado com desprezo, sendo aquele que nunca se importou com ninguém, que ao completar seu primeiro ano, destruiu dois vintes de uma só vez... E ninguém cantou parabéns.
Então, mais uma vez eu peço perdão! Mesmo sabendo que não espero ser perdoado, porque, sei que isso seria pedir demais, diante de tanta dor. Eu sou pequeno como “Davi” e gigante (em malefícios), como “Golias”, porém, apesar de invisível, não sou imperceptível, pois, os danos que causei são do tamanho do Mundo e as consequências que ficarão quando eu partir, serão irreparáveis.
As feridas estão abertas, mesmo assim, sigam em frente, toquem suas vidas, talvez não tão felizes quanto vocês queriam, talvez não tão bom quanto tudo era antes (e muitos nem percebiam), talvez não tão vitoriosos quanto vocês sonharam ser... Mas, sei que todos estão lutando bravamente para revivermos esta bíblica história de “David e Golias”, novamente da maneira correta e, quando isso acontecer, eu me renderei.
Assinado: “COVID-19”.
“Não sei qual é a minha culpa, mas peço perdão. A luz do farol revelou-os tão rapidamente que não se puderam ver. Peço perdão por não ser uma ‘estrela’ ou o ‘mar’, ou por não ser alegre, mas coisa que se dá. Peço perdão por não saber me dar nem a mim mesma. Para me dar desse modo eu perderia a minha vida se fosse preciso mas peço de novo perdão... Não sei perder minha vida.” (“Chaya Pinkhasovna Lispector — Clarice Lispector” — 10 de dezembro de 1920 - 9 de dezembro de 1977)
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¹ A narrativa bíblica de “Davi e Golias” encontra-se relatada principalmente no livro de (“Samuel” 1-17), onde “Golias”, um homem forte, imensurável e fortemente armado (pois, era um soldado mercenário), acabou sendo abatido pelo franzino homem equipado apenas com uma funda e algumas pedras lisas, que encontrou em um rio próximo ao combate. Dado o encontro de ambos, “Davi” pegou uma pedra e atirou com a funda, qual penetrou a testa de “Golias”, não lhe matando instantaneamente (segundo relatos bíblicos), que dão conta, que “Golias” caiu com a face por terra, tendo “Davi” apressado-se, pegando a espada do “gigante” e entregando quem a forjou a morte, cortando sua cabeça fora, qual levou como um troféu, aos filisteus em “Jerusalém”.
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² “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!”, é uma frase latina, que em português, pode ser traduzida como: “Por minha culpa, minha tão grande culpa!”