“Beco das Garrafas”

   

“Beco das Garrafas”, é o nome atribuído a uma travessa sem saída da “Rua Duvivier - Rio de Janeiro”, que abrigou por anos, um conjunto de casas noturnas, situado no bairro carioca de “Copacabana”, nos anos (1950 e 1960). 

Sua história foi resgatada por três jornalistas: Douglas Melo (8 de Março de 1970), quando relatei nas reuniões semanais rotárias, resenhas, que foram transformadas posteriormente em um livro de crônicas: “Beco das Garrafas... Bebendo Saudade” (1995); “Ruy Castro” (27 de fevereiro de 1948), no livro: “Chega de Saudade” (1990) e “Nelson Motta” (29 de outubro de 1944), no livro: “Noites Tropicais” (2000), onde o autor retrata a evolução da música popular brasileira, através desta rua histórica do “Rio de Janeiro”.

A alcunha “Beco das Garrafas”, foi dada pelo cronista e romancista carioca, “Sérgio Porto”, mais conhecido por seu “alter ego — Stanislaw Ponte Preta” (11 de janeiro de 1923 - 30 de setembro de 1968), devido à prática dos moradores, de jogar do alto dos prédios, garrafas, em direção aos boêmios que frequentavam os bares “Ma Griffe, Bacará, Little Club e Bottle's”, até altas horas da noite.

Em (1957), o beco se notabilizou, sendo um reduto de artistas do movimento musical urbano: “Bossa Nova”, que decretou de vez o nome da localidade, como: “Beco das Garrafas”, agora com uma convivência pacifica entre músicos, clientes e moradores.

O passado do local no entanto, não foi só de “garrafadas”. Não era bem visto também, pois, estava ligado à prostituição. O cenário mudou, quando alguns empresários (principalmente estrangeiros), proprietários de outras Boates, passaram a apostar em jovens músicos de qualidade, dando uma “nova roupagem” ao local, pois, anteriormente, em sua maioria, os músicos eram amadores e não conseguiam encher a lotação dos bares, mesmo os estabelecimentos comportando somente (em média), sessenta pessoas cada um.

O ambiente do local começou a mudar de vez, quando apareceram os primeiros “Pocket Shows”, espetáculos adaptados pela dupla: “Luís Carlos Miele” (31 de maio de 1938 - 14 de outubro de 2015) e “Ronaldo Bôscoli” (28 de outubro de 1928 - 18 de novembro de 1994), apresentando atrações, como: “Sérgio Mendes” (11 de fevereiro de 1941), que agitava as tardes de domingo dos bares locais, animando centenas de adolescentes cariocas em (1960) e a estreante “Elis Regina” (17 de março de 1945 - 19 de janeiro de 1982), em (1961).

As “canjas musicais”, eram boas para todos. Os jovens entravam de graça, mas, pagavam pela bebida que consumiam. Os músicos profissionais tocavam de graça, mas, a consumação era liberada e, além disso, eles podiam tocar o que quisessem, fora do trabalho, em apresentações nas “Redes de TV”, por exemplo.

O “Beco das Garrafas” foi uma verdadeira escola para quase uma totalidade de artistas que gostavam de “Jazz”, e tinham a oportunidade de explorar o seu talento no gênero. Ao mesmo tempo, a debutante “Bossa Nova”, deu-lhes um punhado de canções, que serviriam como improvisos à mesma maneira jazzística, abrindo o caminho para uma especialidade de bossa instrumental, que seria à tônica nos anos (1960).

Daquelas domingueiras do “Little Club” e das noites do “Bottle's”, por exemplo, começaram a surgir grupos fixos, como o “Tamba Trio, de: Luizinho Eça” (3 de abril de 1936 -  24 de maio de 1992); o “Bossa Três, de: Luís Carlos Vinhas” (19 de maio de 1940 - 22 de agosto de 2001); o “Quinteto Bottle's, do pianista: Francisco Tenório Júnior” (4 de julho de 1941 - 27 de março de 1976), entre outros.

A diferença deste novo estilo de bossa, era estar um passo à frente do intimismo de “João Gilberto” (10 de junho de 1931 - 6 de julho de 2019), que sabia o “tom”, até de um desafino...  

♫Se você disser que eu desafino amor ♪ Saiba que isto em mim provoca imensa dor ♪ Só privilegiados tem o ouvido igual ao seu ♪ Eu possuo apenas o que deus me deu ♪ Se você insiste em classificar ♪ Meu comportamento de anti-musical ♪ Eu mesmo mentindo devo argumentar ♪ Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural... Que no peito dos desafinados ♪ No fundo do peito ♪ Bate calado, que no peito dos desafinados ♪ Também bate um coração.♫¹

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[NOTAS FINAIS ®DOUG BLOG]

¹ “Desafinado” (1959), é uma canção do gênero “Bossa Nova”, composta por: “Antônio Carlos Jobim” (25 de janeiro de 1927 - 8 de dezembro de 1994) e “Newton Ferreira de Mendonça” (14 de fevereiro de 1927 - 22 de novembro de 1960).

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웃 PERSONAGENS NAS ARTES NÃO MENCIONADOS NO TEXTO: 

* “Garfield e Odie” (1978), criações do cartunista americano: “Jim Davis” (28 de julho de 1945).

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